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A sua empresa já iniciou a aplicação do Lean na produção, mas não sente os impactos nas demais áreas? O chão de fábrica apresenta melhorias, mas os atrasos continuam, os estoques crescem e o retrabalho persiste em setores como planejamento, logística e controle de qualidade?

No 6º episódio do Podcast Insights Lean, Ricardo Borgatti conversa com Carlos Alex Moreira, Diretor VP de Operações da FQM (Farmoquímica), que compartilha uma visão prática e estratégica: os verdadeiros resultados do Lean só aparecem quando a filosofia se expande para além da produção.

Este blog é baseado nessa conversa e analisa por que tantas iniciativas Lean não se sustentam fora do ambiente produtivo — e como a cultura Lean Demand Driven pode promover resultados duradouros em toda a cadeia de valor.

Acompanhe conosco!

O erro comum: aplicação do Lean como ação pontual e isolada

Muitas empresas iniciam sua jornada Lean concentrando esforços apenas na produção. Melhoram indicadores de eficiência, organizam células de trabalho e otimizam setups. Mas, ao manter o foco apenas no chão de fábrica, os ganhos são limitados — ou mesmo anulados.

Carlos Alex compartilha sua preocupação com esse padrão:

“Quando entrei na indústria farmacêutica, as iniciativas de Lean Manufacturing eram muito pontuais. […] Ferramentas e em setores, a gente começava muito na área de engenharia, na área de manutenção, alguma coisa na área de produção, mas eu nunca tinha visto a ferramenta sendo aplicada em toda a cadeia.”

Esse comportamento reflete uma abordagem fragmentada: Lean como ferramenta, e não como filosofia. Isso gera ilhas de eficiência que não se conectam com o restante da operação.

Fake Lean: o risco de aplicar ferramentas sem transformação real

Esse tipo de abordagem limitada, centrada apenas na aplicação de ferramentas isoladas, é o que chamamos de “Fake Lean”. Trata-se de um modelo que implementa ações Lean dentro de um ambiente ainda programado pelo forecast — com foco em grandes lotes, metas de ocupação de máquina e redução de custo unitário — sem conexão real com a demanda do mercado.

Como consequência, a fábrica se mantém ocupada com a produção de itens desnecessários, desalinhados com as vendas reais. Isso gera estoques elevados, aumenta os custos logísticos, compromete o capital de giro e eleva o risco de perdas por obsolescência.

O “Fake Lean” costuma gerar uma ilusão de progresso: melhorias locais que não se sustentam, pois ocorrem em um ambiente corporativo que continua operando com lógicas anti-lean. Ou seja, são resultados pontuais, muitas vezes frágeis e ineficazes para sustentar o crescimento do negócio.

Lean Demand Driven: a alternativa real e sistêmica

Em contrapartida, o verdadeiro Lean — o Lean Demand Driven — promove uma transformação sistêmica. Seu objetivo é alinhar a demanda real com a capacidade de todas as áreas operacionais, reduzir o tempo de resposta, eliminar desperdícios e tomar decisões com base em uma visão de negócio integrada.

Saiba mais: Lean Demand Driven: Por que essa abordagem é crucial para a sobrevivência das empresas? 

Quando o gargalo muda de lugar

Mesmo com ganhos expressivos na produção, a FQM percebeu que os resultados não se sustentariam sem envolver outras áreas. À medida que a fábrica ganhava eficiência, novos gargalos surgiam — em setores que ainda operavam de forma tradicional e desalinhada com a lógica de fluxo puxado.

Carlos Alex explica:

“Chegou num ponto em que você não conseguia ter mais resultados se não houvesse essa expansão para as outras áreas. O gargalo mudou de lugar.”

E completa com um exemplo revelador:

“Eu me lembro de uma vez que a logística não era integrada na operação […]. Estava produzindo, tinha demanda daquele produto, e o gestor do depósito mandou fechar o depósito, porque o depósito estava cheio.”

Essa desconexão é típica de estruturas que não aplicam o Lean como filosofia integrada. Sem sincronismo, decisões locais comprometem a performance global.

Leia também: Gestão Lean no Supply Chain: Alcance mais eficiência e a satisfação do Cliente!

A virada: integrar planejamento, qualidade e desenvolvimento

A consolidação da transformação Lean na FQM só ocorreu quando o modelo se expandiu para áreas como planejamento, supply chain, controle de qualidade e desenvolvimento de novos produtos.

Carlos Alex enfatiza:

“A gente expandiu o projeto […]. A gente absorveu a área de planejamento, e aí, sim, foi a virada, quando saímos do sistema empurrado para o sistema puxado”.

Com isso, tornou-se possível implementar o S&OP de forma estruturada, com colaboração real entre marketing, comercial, operações e financeiro. Essa integração criou uma cultura orientada ao fluxo e à tomada de decisão baseada em dados.

Leia também: Gestão Sistêmica Lean: Estratégias integradas para eficiência e valor em toda a cadeia de suprimentos

A cultura como base para a aplicação sustentável do Lean

Ferramentas Lean por si só não garantem transformação. O que sustenta os ganhos ao longo do tempo é a cultura. E cultura exige consistência, liderança comprometida e capacitação contínua.

Carlos Alex compartilha a prática da FQM:

“Todo ano, a gente faz treinamento na fábrica. Ano passado, a gente fez treinamento na área de controle de qualidade. Esse ano, a gente está pretendendo fazer treinamento na área de desenvolvimento de novos produtos.”

A disseminação da filosofia Lean por meio de capacitação é o que assegura que cada área da empresa compartilhe os mesmos princípios, indicadores e objetivos.

Como reforça Carlos Alex Moreira:

“Eu acho que o mais importante é ter em mente que, para você ter sustentabilidade e crescimento, você precisa ter eficiência em todas as áreas. E a operação sempre foi vista como uma área de suporte. Mas o mais interessante é quando você consegue transformar essa área de suporte numa área estratégica, porque quando ela começa a dar resultados e a melhorar significativamente, no sentido de disponibilizar produto, nível de serviço, envolver outras áreas, criar agilidade na tomada de decisão de negócio — como, por exemplo, lançamento de produtos — aí sim você está garantindo essa sua sustentabilidade. Então, o recado é: dê importância a todas as áreas. Tente alinhar todas as áreas.”

Leia também: Jornada Lean: 9 Erros que você pode estar cometendo ao implementar esse processo!

Evite os erros na aplicação do Lean e fortaleça sua jornada

Se sua empresa já investe em Lean, mas os resultados não avançam além da produção, talvez esteja enfrentando o mesmo dilema vivido pela FQM antes de sua virada: ações pontuais, isoladas e sem alinhamento entre áreas.

Quer entender melhor como essa mudança foi construída e o que garantiu sua sustentabilidade? Clique aqui para assistir ao 6º episódio do Podcast Insights Lean com Carlos Alex Moreira. 

E ainda: veja como essa transformação impactou toda a operação da empresa, com aumento de 232% na produtividade e redução de 229% nos atrasos. Clique aqui e leia o case de sucesso da FQM com a Borgatti Consulting

Aplicação do Lean em toda a cadeia de valor: o caminho para alta performance

Como você acompanhou, transformar a produção é só o começo. Para obter resultados sustentáveis, é preciso espalhar a cultura Lean por toda a cadeia de valor — do planejamento ao desenvolvimento de novos produtos, passando por supply chain, qualidade e finanças.

A Borgatti Consulting pode apoiar sua empresa nessa jornada! Com metodologia própria, capacitação estruturada e foco em resultados, ajudamos a construir operações orientadas por fluxo, sincronismo e tomada de decisão baseada em dados. Entre em contato e descubra como aplicar Lean de forma integrada e eficaz.

Para saber mais sobre nossa atuação e expertise, leia: 

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